Cirurgia Robótica
A cirurgia robótica, ou cirurgia assistida por robô, é um procedimento cirúrgico em que o médico opera por meio de um console semelhante a um joystick. Essa técnica foi desenvolvida para aprimorar a habilidade dos cirurgiões em cirurgias abertas e minimizar o impacto nas cirurgias minimamente invasivas. Nos Estados Unidos, até o final de 2011, cerca de mil robôs cirúrgicos estavam em atividade.
No Rio de Janeiro, há seis plataformas robóticas instaladas, sendo duas em hospitais públicos (Instituto Nacional do Câncer e Hospital Naval Marcílio Dias) e quatro em hospitais privados (Hospitais Quinta Dor, CopaStar, São Lucas e Samaritano). Atualmente, com a plataforma DaVinci Si, da Intuitive Surgical, os estudos em telemedicina estão avançados, o que permitirá em breve a realização de procedimentos cirúrgicos a distância, com um operador controlando o robô no local.
Aproximadamente 80% das cirurgias robóticas são realizadas para tratar doenças urológicas, enquanto os outros 20% abrangem diversas outras especialidades médicas. A plataforma inicialmente foi desenvolvida para cirurgia cardíaca, especificamente para a troca valvular, mas seu uso foi expandido para diversos outros tipos de cirurgias, começando pela urologia, com a prostatectomia radical. Hoje, nas mãos de cirurgiões habilidosos e experientes, quase todas as cirurgias urológicas podem ser realizadas utilizando essa técnica. Na prostatectomia radical, por exemplo, são feitas seis pequenas incisões no abdômen do paciente, permitindo a inserção de hastes de aço inoxidável controladas por quatro braços robóticos. O cirurgião, a poucos metros da mesa de operação, utiliza um console de controle para manipular os instrumentos cirúrgicos, guiado por imagens em 3D transmitidas pela câmera no interior do paciente. Esses instrumentos são movidos em sincronia com os movimentos das mãos do cirurgião, proporcionando maior precisão e menos trauma ao paciente.
Vantagens
Existem diversas vantagens associadas à cirurgia robótica. Uma delas é a precisão dos movimentos realizados durante o procedimento, o que permite uma abordagem mais precisa e delicada. Além disso, as incisões necessárias são reduzidas, contribuindo para uma recuperação mais rápida e com menor perda de sangue. A cicatrização também é favorecida, resultando em um melhor resultado estético para o paciente. A tecnologia robótica proporciona ao cirurgião um controle mais preciso dos movimentos, auxiliando na execução de manobras delicadas para proteger estruturas vitais durante a cirurgia.
A utilização de imagens em 3D oferece ao cirurgião uma melhor visualização dos órgãos doentes e das estruturas adjacentes, como vasos sanguíneos e nervos, o que contribui para uma intervenção mais segura e eficaz. Além disso, é relatada uma diminuição da dor pós-operatória, bem como uma redução na necessidade de transfusão de sangue e no uso de medicamentos analgésicos. Outras vantagens incluem um tempo de hospitalização mais curto, menos sangramento durante o procedimento, uma recuperação mais rápida e um menor risco de infecção.
Procedimentos
A cirurgia robótica, ou prostatectomia radical robótica, é um procedimento realizado para tratar o câncer de próstata, envolvendo a remoção da próstata e das vesículas seminais, órgãos onde o esperma é armazenado. É importante destacar que a próstata não está diretamente ligada à libido ou ereção, mas desempenha o papel de produzir o líquido prostático que ajuda a manter o esperma viável para a fertilização. Localizada entre a bexiga e a uretra, durante a cirurgia, o objetivo é reconstruir a uretra-bexiga, uma vez que a uretra é dividida em quatro partes, e uma delas inicia dentro da próstata. Este procedimento é altamente eficaz no tratamento do câncer de próstata em estágio inicial, embora possa resultar em incontinência pós-operatória como um inconveniente.
A cirurgia robótica oferece diversas vantagens em relação às abordagens convencionais. A precisão dos movimentos realizados é aumentada devido à liberdade de movimento proporcionada pelos braços robóticos, que imitam os movimentos da mão com grande precisão. Além disso, a visão em 3D proporcionada pelo equipamento permite uma melhor visualização dos órgãos e estruturas durante o procedimento. Isso resulta em uma anastomose mais hermética e próxima do natural, levando a menores taxas de incontinência pós-operatória e uma recuperação mais rápida. Outra vantagem significativa é a preservação dos nervos responsáveis pela ereção, o que reduz consideravelmente o risco de impotência após a cirurgia. Com a cirurgia robótica, é possível uma recuperação da continência em um período mais curto, proporcionando uma melhoria na qualidade de vida do paciente pós-operatório.
A cirurgia robótica oferece uma grande vantagem para os pacientes submetidos ao tratamento do câncer de rim. Esse tipo de tumor é geralmente resistente à quimioterapia e radioterapia, tornando a cirurgia a principal abordagem com potencial curativo. No passado, a abordagem padrão era a nefrectomia radical, ou seja, a remoção completa do rim, independentemente do tamanho do tumor. No entanto, avanços na pesquisa mostraram que a nefrectomia radical está associada a um maior risco de doenças cardiovasculares e insuficiência renal, especialmente em pacientes com tumores renais menores de 4 cm ou com um único rim. Como resultado, as indicações para nefrectomia parcial, que preserva parte do rim, foram expandidas para minimizar esses riscos.
A técnica da nefrectomia parcial apresenta desafios significativos devido à complexa vascularização renal, que é diretamente ligada à artéria aorta e à veia cava. Durante o procedimento, o cirurgião precisa realizar a ressecção do tumor enquanto mantém a irrigação sanguínea do rim sob controle, geralmente clampeando a artéria e a veia renal para evitar sangramento excessivo. Após a remoção do tumor, o rim precisa ser reconstruído com rapidez e precisão, pois pode permanecer isquêmico (clampeado) por no máximo 30 minutos para evitar lesões renais agudas. Na cirurgia aberta tradicional, o cirurgião realiza esse procedimento manualmente, segurando o rim para realizar a sutura. Por outro lado, na cirurgia robótica minimamente invasiva, os braços do robô reproduzem os movimentos da mão humana com precisão e segurança. Isso resulta em menos sangramento durante o procedimento, uma recuperação mais rápida, menos dor pós-operatória e os benefícios associados à cirurgia minimamente invasiva.
O rim desempenha um papel crucial na filtragem do sangue e na produção de urina, que é conduzida pelos ureteres até a bexiga para a posterior eliminação durante a micção. A área em que o rim se une ao ureter é chamada de junção ureteropélvica. Em alguns pacientes, ocorre estenose, ou seja, estreitamento, dessa junção, muitas vezes devido ao posicionamento anômalo de uma artéria renal que alcança o órgão à frente da junção. Essa artéria anômala, ao comprimir e exercer pressão sobre a junção, resulta no acúmulo de urina no rim devido à dificuldade de excreção pelo ureter. Com o passar do tempo, esse acúmulo de urina pode causar danos à parte funcional do rim, uma vez que a urina é uma substância tóxica.
O tratamento para essa condição é cirúrgico e envolve a ressecção da área estenosada e doente, seguida pela reconstrução da parte saudável do rim com o ureter. Um desafio significativo desse procedimento é o fato de que o ureter é uma estrutura muito estreita, com apenas 4 milímetros de espessura, tornando a visualização durante a cirurgia aberta bastante complicada. No entanto, por meio da laparoscopia, essa visualização é consideravelmente facilitada, e com o uso do robô cirúrgico, o cirurgião tem uma maior liberdade de movimento e rapidez, resultando em melhores resultados funcionais, além de uma estética aprimorada e menor dor pós-operatória.
A cirurgia para o tratamento do tumor de bexiga é considerada uma intervenção invasiva para o paciente, pois requer a remoção completa da bexiga e sua subsequente reconstrução. Esse processo de reconstrução pode envolver a criação de uma nova bexiga utilizando-se tecido intestinal ou a criação de uma saída permanente para a urina através da pele, conhecida como “urostomia”, que se comunica com os ureteres por meio de um segmento de intestino.
Devido à sua natureza extensa, a cirurgia convencional muitas vezes resulta em desconforto significativo no pós-operatório para o paciente. Isso inclui problemas como intestino lento, náuseas, vômitos e atraso no retorno da função intestinal. Com a utilização da cirurgia robótica, é possível realizar a remoção da bexiga através de pequenas incisões, o que permite manter o abdômen fechado por mais tempo durante o procedimento. Além disso, a reconstrução da bexiga é facilitada e mais precisa devido à maior liberdade de movimento oferecida pelo robô cirúrgico.
Outra grande vantagem para o paciente é a redução do tempo cirúrgico e do sangramento durante o procedimento robótico. Além disso, a cirurgia robótica tende a diminuir as complicações pós-cirúrgicas, incluindo o risco de infecções. Esses benefícios combinados contribuem para uma recuperação mais rápida e menos traumática para o paciente submetido à cirurgia robótica para o tratamento do tumor de bexiga.







